segunda-feira, fevereiro 01, 2010

que é que há lá fora ?






















durmo e acordo pensando
que é que há lá fora
fora da minha cachola
que também desconheço
mas se o pouco que conheço
é o recomeço
que é que já se passou?
no passado do antepassado
na panela do homem da caverna
que é que há lá fora?
lá bem depois da lua
que se escondeu
lá bem depois da estrela
que a fumaça apagou
lá bem depois do desconhecido
lá no passado de brilho visível
naquele buraco fim de mundo
no fundo de um pano escuro
que é que há lá
onde até a luz se esconde?
será que o sonho acessa?
o acesso está em mim
eu sei e sinto
esse é o valor de estar aqui
o prazer de ter sempre
um mistério a descobrir
que é que há lá?
lá o que é que há?
há de um cometa vir?
há de um choro sorrir?
que é que há lá praquelas bandas
onde o que enxergo
é futuro passado aqui do meu lado?
é escuro brilhante anestesiado
é menino de pé deitado
no chão entusiasmado
solado sujo descalçado
sentado dançando descabelado
fitando a barata que sai do boeiro
tirando a poeira do ombro
minhoca branca desdentada
cavando cova na cidade sem mata
fisgando o homem que desmata
encarcerado tomando leite sem nata
que é que há lá fora?
onde o nexo é não fazer sentido
onde os sentidos são sem nexo
lá onde não há sexo
onde o prazer é retrocesso
onde o cair é desejo
cima e baixo são a mesma coisa
e a lateral é multilateral
onde o longitudinal é transversal
nem há padrão universal
que é que há lá fora?
dessa confusa cachola
que abriga o mundo e a escola
que abraça amigo e inimigo
que guarda o mundo aqui comigo

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